December 1, 2015

Jamais te esquecerei


Querido Ricky,

Chegaste à familia ainda eras uma miniatura de Ser. Rapidamente meteram-te o cachecol do Benfica e nem tiveste hipotese de escolher o teu clube preferido. Também, que importância tinha para ti? Desde que a tua familia estivesse feliz, estavas feliz. A nossa felicidade era a tua, mesmo que tivesses que fazer coisas que não gostavas. 

Quando voltei de quatro meses de viagem ficaste zangado comigo mas só demorou cinco minutos até te jogares a mim e lamberes dos pés à cabeça. Rapidamente compreendeste que era viajante e começaste a lidar bem com a minha ausência. Quando voltava já nem estranhavas e davas os habituais saltos de alegria e as mil e uma lambidelas. Tinhas aquele hábito estranho de espriguiçar-te em cima de mim. 


Aquele dia que fomos passear com a mãe, que o Sol se escondeu e deu lugar a uma verdadeira tempestade começaste a correr comigo para o carro. Olhaste para trás e percebeste que a mãe estava a andar lentamente à chuva, nem pensaste duas vezes, foste ter com ela e vieste a passos curtos na sua companhia. Ensinaste-nos o conceito de verdadeira lealdade e companheirismo, antes de ti, não tinhamos ainda vivenciado essa experiência com outro Ser. 

Ensinaste ao teu irmão-gato Ruca, que não pára de miar à tua procura, como pedir comida à familia e que devemos defender quem nos ama. O Ruca, por sua vez, ensinou-te a arte de roçar os corpos humanos como manifestação de carinho. Juntos brincavam horas a fio, a correr pela casa, a fazer barulho, a divertirem-se... Por vezes o Ruca aleijava-te com as unhas afiadas e vinhas pertinho de nós perdir miminhos. 

Quando tinhas um aninho tiveste o primeiro ataque de epilepsia. Desde esse dia percebemos que irias tomar comprimidos para sempre e que não irias viver muito tempo. Levantamos a cabeça e decidimos que iriamos te dar uma vida repleta de aventuras, felicidade, alegria e muito muito muito amor. Mimamos-te demasiado e por vezes eras mal educado. "Oh tadinho não grites com ele que tem epilepsia", "Não pode ficar sozinho que pode dar-lhe um ataque". 

És um membro da familia, és o meu irmão de quatro patas. Viveste quase seis anos até que a merda da epilepsia matou-te. Foram seis anos que ensinaste que o amor incondicional também é possivel com animais, que estarias sempre ali para nos protegeres, que o mais importante era o nosso bem-estar deixando o teu Ser para segundo plano. 

Lutaste até ao fim, és um guerreiro! És muito forte, és muito grande! És inspirador!

Jamais te esquecerei Ricky. Guardarei os nossos momentos e a tua cara com olhos de Cleopatra gravada para sempre no meu coração. 

Com amor da tua irmã, 

Marta

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  1. Estes moços ficam para sempre no nosso coração <3 força!

    Jiji

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  2. Opá, a primeira vez que visito o teu cantinho e fazes-me logo chorar...
    É mesmo um amor especial. Que as boas memórias te aconcheguem a alma*

    Parmim

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    1. Oh desculpa Diana não era minha intenção, os próximos posts vão ser mais felizes, prometo :) Grata pelas bonitas palavras*

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  3. É tão triste quando os nossos bichinhos (que são parte da família) nos deixam, especialmente quando o fazem cedo de mais. :( Eu tive um gatinho - o Páris - que morreu com 5 anos e foi horrível. Não estava minimamente preparada para isso, até porque a veterinária tinha feito análises e aparentemente estava tudo bem.

    O que nos valem são as memórias, embora as saudades fiquem.
    Tinha uns olhos muito meigos o teu Ricky. <3

    Joan of July

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    1. Pois no meu caso já sabia que mais dia menos dia teria de dizer-lhe o derradeiro Adeus mas mesmo assim a dor é tão imensa :/

      Obrigada pelas palavras de conforto!

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Grata por comentares, adoro saber o que passa pela tua mente.

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