January 21, 2020
20 para 2020
Não sei o que se passa comigo. Desde os meus 12 anos que faço uma lista de objetivos anuais até chegar a 2019 e ter apenas um único objetivo (que consegui concretizar). Este ano tenho vários projetos que quero realizar e por isso não estabeleci objetivos. Mas quando vi o post 20 para 2020 no blog Mar de Maio, tive de copiar :) É uma forma mais subtil de estabelecer objetivos e um exercicio de reflexão interessante.
20 para 2020
1. Ir ao cinema pelo menos uma vez por mês2. Ler 20-30 livros
3. Voltar ao Geocaching
4. Terminar o Desafio Ecológico 2020
5. Visitar 3 cidades europeias
6. Caminhadas na natureza
7. Ir a 3 festivais de Verão que nunca fui
8. Incentivar mais mulheres a mudarem para o copo menstrual
9. Fotografar lugares abandonados
10. Aprender a usar o pinterest
11. Estar mais offline aos fins de semana
12. Pensar 3 vezes antes de falar :D
13. Visitar novos espaços com brunch
14. Ir a escolas e lares de idosos falar sobre sustentabilidade e ecologia
15. Ir à praias muiiiiitas vezes
16. Combinar copos e lanches mais vezes com os amigos
17. Deixar de comer pipas
18. Mexer-me
19. Elogiar ainda mais
20. Meditar
Estabeleceram objetivos para este ano? Ou querem fazer um 20 para 2020? Deixem os links nos comentários :)
January 7, 2020
Review | Jaya Coffe Co. & Brunch
Nem acredito que abriu um café girissimo que serve brunch na minha querida cidade de Loulé, mesmo ao lado de casa :) Quando vivi 3 anos em Lisboa era uma maravilha, todos os fins de semana era um sítio diferente e se continuasse a viver por lá continuava a explorar outros sítios maravilhosos com brunch! É que não é só o come daqui e come dali que me agrada, é toda a decoração envolvente que normalmente os lugares com brunch trazem com eles.
E lá está, o Jaya Coffee Co. & Brunch encontras isto e muito mais!
Ainda nem entraste e já estás a suspirar. O Jaya encontra-se localizado dentro da zona histórica de Loulé que, convenhamos, é uma zona lindissima para passear, tirar fotografias e beber um café.
Mal entras deparas-te com um ambiente tranquilo, minimalista com detalhes que fazem a diferença, frases engraçadas alusivas ao ritual de tomar café, plantas por todo o lado e um staff simpático com um sorriso de orelha a orelha pronto para tirar-te todas as dúvidas e fazer-te sentir que estás em casa.
E as minhas expectativas quando conheço um novo local de brunch passam mesmo por aí, um local harmonioso onde sinto-me bem, leve e feliz. Espero passar algumas horas ali a degustar um menu diferente enquanto converso com amigos sobre as banalidades da vida.
O que mais apreciei na minha visita ao Jaya e que me fez voltar mais uma vez (e voltarei muitas mais) foi toda a reabilitação que fizeram ao espaço, consegues perceber que aquela era uma casa antiga ainda com o muro de pedra e o poço, que depois misturaram com uma decoração moderna cheia de estilo e cores.
Só para não falar que um só local tem tantos cantinhos! Tens pelo menos quatro salas/espaços dentro do Jaya, incluindo um terraço fantástico onde só queres passar todas as tardes e noites de Verão. Assim, podes escolher onde queres sentar-te dependendo do mood no momento.
Acho que sou super fã de brunches por duas razões: gosto de tomar um belo pequeno almoço com tudo o que tenho direito assim que acordo e gosto de experimentar comidas novas.
No Jaya variedade de comida e bebida não faltam! O pior mesmo é escolher e cingirmo-nos a uma única coisa. Dentro das bebidas tens a hipótese de escolher uma série de diferentes cafés, superfood lattes, chás, bubble tea, smoothies, ginger beer ou se quiseres algo com alcool tens cidra, cerveja artesanal, vinho e ainda uma lista engraçada de cocktails.
Aqui fiquei-me pelo thai bubble tea, porque nunca tinha experimentado e achei o máximo aquelas bolinhas apetitosas a rebentar na língua. E olhem-me o copo de caveira que veio servido... que lindo! A palhinha não é de plástico mas sim de amido de milho, o Jaya preocupa-se com o meio ambiente e só por isso já ganhou mais 100000 pontos :D
Já na parte da comida foi muito complicado escolher, entre bagels, smoothie e buddha bowls, tostas, panquecas e ovos, tudo com ingredientes originais e chamativos, acabei por escolher o veggie breakfast e quando fui pela segunda vez não consegui resistir e pedi a mesma coisa. Este prato vem recheado de iguarias, imita muito bem o típico english breakfast mas versão vegetariana. Super delicioso!
"Mas hey Marta, para a próxima tens de provar as panquecas ok?" :)
Não poderia recomendar mais o Jaya Coffee Co. & Brunch, há uma infinidade de escolhas no menu tanto para vegetarianos como vegans como omnivoros, a comida é feita com ingredientes frescos e vem parar à mesa toda bem composta. Mal posso esperar para voltar!
E por aí, alguém louco por brunch como eu? Querem recomendar algum sítio imperdível?
Informações úteis
Horário de Funcionamento: de Terça a Sábado - 9h às 19h | Domingo - 9h às 15h | Segunda - encerrado
Localização: Rua Almeida Garrett 8, Loulé
Telefone: 967 753 658
November 24, 2019
Porquê que deixei de viajar
"Vais viajar para sempre?" - perguntou um dia a minha amiga mexicana Gabriela. Aquela pergunta ficou a matutar na minha cabeça. Naquela altura estava a viver em Lisboa e antes disso tinha viajado uns cinco anos praticamente non stop, era o tempo de fazer dinheiro suficiente e viajar de novo, quando terminava o dinheiro voltava a trabalhar com o intuito de juntar para uma nova viagem. Dentro da viagem já imagiva onde seria a próxima viagem. Passei a viajar como estilo de vida.
Depois desses 5 anos de viajante era impensável voltar para o Algarve, faltaria toda aquela adrenalina de explorar lugares diferentes, aprender, fazer novas amizades. Precisava de continuar a alimentar a minha curiosidade e foi assim que surgiu a ideia de viver em Lisboa. Foi a transição perfeita porque os três anos que lá vivi foi como se estivesse a viajar.
Embora estivesse feliz da vida a conhecer novas pessoas, a fazer uma série de actividades, a participar em muitos eventos, chegou uma altura em que sentia um vazio dentro de mim. Descobri que era a minha vida profissional, não me sentia minimamente preenchida. Trabalhava o suficiente nagum sítio que até gostava para garantir os jantares fora, as idas aos museus, a concertos, a festas, para o passe mensal. Mas não estava a sentir-me útil. Foi como se tivesse voltado a uns anos atrás quando achei que a vida de viajar full time tinha terminado, porque cheguei a um ponto de exaustão, de inutilidade e até inércia. Sim, estava a cultivar-me, a divertir-me, a partilhar a minha cultura com outras culturas mas não estava a ajudar em nada a humanidade. E tenho plena consciência que estou aqui e agora nesta vida para ajudar pessoas.
No ano passado a minha vida descarrilou mesmo à séria. Estava a compor-me do término de um namoro tão especial com 4 anos a viajar juntos 24 sob 24 horas quando recebo a notícia que o meu pai faleceu. Era só a pessoa mais importante da minha vida.
Assim sendo, todos os pilares da minha vida estavam desmoronados: amoroso, profissional e familiar. Sentia que não pertencia a lado nenhum, que não tinha nada, que não era nada.
Depois de um Verão de cura interior intensa com recurso à música e dança como terapias, finalmente comecei a focar-me no trabalho. Sabia que não queria voltar a ser educadora social, pelo menos em associações, as minhas experiências foram desastrosas com muita corrupção à mistura. Sabia que queria abrir o meu próprio negócio, queria ser uma girl boss como a minha mãe... mas como?
Foi numa certa manhã de Setembro do ano passado que fez-se luz (literalmente) e pensei: "Marta, tu tens um estilo de vida ecológico porque é que não abres uma loja online com produtos que possibilitam uma vida mais ecológica? E ainda fazes tu alguns desses produtos!"
Pronto tinha achado o meu trabalho ideal, juntando as minhas paixões: fotografia, redes sociais, artesanato, preparar encomendas, escrever notas e o mais importante, ser educadora social. Sim, porque a loja online seria uma forma de apresentar as soluções face à problemática do lixo excessivo que estamos a viver actualmente mas o que queria mesmo era educar e sensibilizar a sociedade sobre esta problemática e incentivar a um consumo mais responsável.
Pensava que estava a ter uma ideia super inovadora mas afinal já existiam algumas lojas online zero waste em Portugal, porém no Algarve não havia quase nada. A minha decisão estava tomada: está na altura de mudar-me para o Algarve!
Senti (e ainda sinto) que neste momento o meu lugar é em Portugal, que precisava mesmo de passar a palavra sobre o Desperdicio Zero e passar para a acção. Claro que ao longo destes meses quis desistir, comecei a ver o Médio Oriente no google maps e voos para Israel. Mas aquela vozinha cá dentro dizia-me sempre que estava a fugir e ao viajar mais não iria solucionar a minha vida profissional. Afinal de contas o meu único objectivo deste ano foi só um: abrir uma loja online. E assim foi, a 11 de Setembro deste ano, nasce a Green Vibe.
Na verdade o Green Vibe já tinha nascido enquanto movimento. Tinha iniciado conta no instagram e no facebook a espalhar a palavra do desperdício zero e mostrava o meu dia a dia ecológico. Fiquei super contente com o feedback fabuloso da vossa parte, desde pessoas a apoiar o meu projecto a pessoas a partilharem comigo as trocas ecológicas que têm feito, uau uau uau estava nas sete quintas!
Só para não falar que consegui meter quase todas as minhas amigas a usarem o copo menstrual, como os tinha à venda e elas queriam ajudar-me foi uma situação win win. Até a minha mãe que comprou-me uma garrafa reutilizável andava a mostrar e a revender garrafas às amigas dela :D
Participamos na primeira feira, a FAVA (Feira do Ambiente e Vegan do Algarve) saindo da feira com o coração a abarrotar. Tantas pessoas chegaram até à nossa banca com questões ambientais, preocupadas com o nosso planeta, a partilhar dicas interessantes sobre mudanças mais sustentáveis nas suas vidas.
Por isso, sim, deixei de viajar tanto como antes mas sei que é uma fase. Quero sentir-me útil, organizar eventos sustentáveis, ajudar a comunidade a mudar para hábitos mais ecológicos e mostrar às pessoas que ainda vamos a tempo de salvar a raça humana (sim, porque a Terra regenera-se).
Espero daqui a uns aninhos ter pessoas fantásticas a trabalhar comigo, o que possibilita a minha volta às viagens. Vou logo uns meses para o Médio Oriente :)
Quero continuar a vir aqui partilhar convosco os meus passeios pelo Algarve, restaurantes e cafés bonitos, sítios abandonados, as minhas leituras, enfim todas as minhas paixões para além do desperdício zero.
Agora digam-me, já conheciam o Green Vibe? Gostaram da ideia?
Podem encontrar o Green Vibe:
» site » blog » instagram » facebook
September 25, 2019
O Algarve não é só praias | Alte
Assim que o Filipe e a Catarina falaram em encontrarmo-nos em Alte disse imediatamente SIM! Desde que nasci que frequento esta pequena vila em pleno barrocal algarvio, seja para os ajuntamentos do 1 de Maio, piqueniques, visitas de estudo... É que Alte, embora pequenino e pacato, possui umas fontes naturais belissimas com mesas e bancos de pedra, árvores diversificadas, relva, enfim, é um local perfeito para passar um dia inteiro no convívio em família ou com amigos.
Ao mesmo tempo que estava super feliz por estar com os meus amigos que moram longe, finalmente iria conseguir iniciar a nova rúbrica do blog "O Algarve não é só praias".
A ideia desta rúbrica surgiu enquanto ainda morava em Lisboa, porque já estava fartinha de ouvir a expressão "Ahhh vens do Algarve, o Algarve é só praia". Nem imaginam o quanto ficava irritada quando ouvia isto, sabendo que o Algarve para além de um litoral maravilhoso tem ainda todo um barrocal e serra incriveis. Mas ok eu entendo, a malta quando vem para o Algarve é de férias na praia então está completamente desinformada do que se passa no interior, que garanto-vos vão ficar admirados com tamanha beleza.
Durante este Verão queria andar com esta rúbrica para a frente mas não estava nada fácil. Primeiro fomos ao Pêgo do Inferno e a cascata estava seca. Depois à Fonte da Benémola e tudo seco, talvez uma mini poça que dava para molhar os pés.
Decidi então ir ao Zoomarine e Aqua Show mas cheguei à conclusão que estaria a divulgar algo que não concordo aka exploração animal.
Então quase que desisti... mas não podia-me render e aquelas palavras soavam nos meus ouvidos "O Algarve é só praia" AHHH Nestas alturas deixo para o Universo e tcharannn surgiu um convite para irmos a Alte do nada. Assim, decidi que esta rúbrica não vai ser forçada, sempre que explorar um lugar giro no Algarve sem ser praia partilho convosco :) E vocês façam o favor de partilhar com todos os vossos amigos que dizem que o Algarve é só praiassssss :P
As fontes de Alte são compostas pela fonte pequena que está localizada logo no ínicio e a fonte grande onde podem banhar-se... bem, se forem corajosos porque a água é gelada.
Estas fontes são umas piscinas fluviais com um cenário à volta muito bonito. Não são enormes e tem pouca capacidade de espaço mas valem muito a pena!
Tragam comida porque os dois cafés existentes só têm bebidas, gelados e snacks e nem sempre estão abertos.
Outro ponto alto em Alte é a Queda do Vigário, ou mais conhecida como cascatas de Alte. Aqui podemos nos estender na relva e tomar belas banhocas num mini lago com uma cascata. Mas adivinhem? Está seca. Desta vez não é por causa da falta de chuva mas sim porque o dono de um mega laranjal ali perto está a desviar a água que passa em direcção à queda do vigário para regar as laranjeiras. É uma situação muito triste mas acreditem já foram feitos muitos protestos e manifestações mas o senhor tem poder e não há nada a fazer.
Mesmo que a Queda do Vigário esteja seca, quando visitarem Alte garantam que vão dar uma voltinha à vila. É pequena mas pitoresca e bonita.
Que lugares no Algarve recomendam uma visitinha?
September 18, 2019
Chernobyl, a morte invisivel
"Somos ar, não somos terra..."
Merab Mamardashvili
Corria o ano de 2017 e Auschwitz não me saía da cabeça. Tinha lido imensos livros nos últimos meses sobre o assunto e percebi que não podia esperar mais para pôr os meus pés nesse campo de concentração nazi. Fui ao mapa e haviam ali uns países que nunca tinha visitado e que poderia ser uma boa altura para o fazer. Em menos nada, uma simples visita a Auschwitz tornou-se numa viagem de um mês à Polónia, Hungria, Eslováquia e Ucrânia. É o que acontece quando a Marta dá uma olhadela ao mapa...
Na nossa rota inicial iriamos de Lviv na Ucrânia, para Sul até chegarmos à Hungria mas claro, a Sofia tinha de vir com as suas ideias doidas, desta vez queria ir a Chernobyl! Eu também queria mas iriamos sair muito da nossa rota se fossemos até Kiev e ainda por cima tinha de pagar 80€. Não valia a pena estar a fazer-me de díficil, foi só ela voltar a falar do assunto e já estava convencida. Chernobyl here we go :)
Sala de teatro e Centro Cultural em Chernobyl
Onde, como, com quem reservamos a ida a Chernobyl?
Assim que a Sofia chegou ao nosso airbnb na Cracóvia fizemos logo a reserva para a tour em Chernobyl. Pela sua pesquisa teríamos de marcar o mais rápido possível para garantir lugar nos dias que estivessemos em Kiev. Assim, fomos até ao site da Solo East, pagamos metade do dinheiro via paypal e o resto pagamos no próprio dia da tour que poderia ser em dólares americanos ou em hryvnia (moeda ucraniana).
A Solo East enviou-nos de imediato uma lista de recomendações para o dia, por exemplo, para não termos pele visivel nos braços, pernas e pés devido à radiação que ainda paira por lá. Enviaram também o itinerário completo do dia. Fiquei logo surpreendida com a organização da parte desta agência na qual recomendo ao máximo!
No total pagamos cerca de 80€ pelo dia completo com o seguro (obrigatório), guia em inglês e almoço incluido. Se anteriormente achava um pouco caro, depois da visita a Chernobyl achei bem em conta!
Creche
Abalámos para Chernobyl numa carrinha bem moderna e pelo caminho vimos um vídeo sobre a história de Chernobyl. Ao contrário de Auschwitz sabia muito pouco, só depois desta visita é que li "Vozes de Chernobyl" e pesquisei mais informação na internet.
Mas afinal o que se passou em Chernobyl?
A catástrofe de Chernobyl tornou-se o maior desastre tecnológico do século XX. Aconteceu no dia 26 de Abril de 1986 à 1h23 da manhã, onde uma série de explosões destruiu o reactor e o edifício que albergava o reactor número 4 da Central Nuclear de Chernobyl.
Embora a Central Nuclear situasse na Ucrânia, quem mais ficou prejudicado nesta catastrofe foi a Bielorrússia, uma vez que os ventos estavam a rolar no seu sentido. Dos 50 milhões de curies de radionuclídeos lançados para a atmosfera, 70% caíram sobre a Bielorrússia, 4.8% sobre a Ucrânia e 0.5% na Rússia.
Ora, para um país agrário com predomínio de uma população rural com apenas 10 milhões de habitantes foi uma verdadeira tragédia nacional. Devido às radiações, todos os anos o número de doenças oncológicas, crianças com pertubações mentais e mutações genéticas aumentam.
"As pessoas ficaram assustadas. Encheram-se de medo. Houve quem começasse, à noite, a enterrar os seus bens (...) Depois ouvi dizer que os soldados tinham evacuado uma aldeia, mas que um casal de velhos tinha ficado. Na véspera do dia em que as pessoas foram reunidas e metidas em autocarros, eles tinham pegado na sua vaquinha e ido para a floresta. Esperaram por lá. Como durante a guerra. Quando os nazis da expedição punitiva incendiaram a aldeia."
Zinaída Kovalenko
Central Nuclear
Até chegarmos à Ucrânia, cada pessoa que sabia que iriamos visitar Chernobyl ficava surpreendida mas com uma carga negativa sabem? Provavelmente porque viveram esse tempo ou então têm casos de familiares e amigos que morreram ou ficaram com sérios problemas de saúde. Logo, percebemos que é um assunto tabu. Inclusive conhecemos uma bielorussiana que ficou muito comovida ao falar do assunto e fomos obrigadas a parar com a conversa.
Da minha parte tenho um interesse enorme em tragédias que aconteceram na nossa História. Precisavam de ver o meu entusiasmo a estudar a Segunda Guerra Mundial para o exame de História do 12º ano e todos aqueles ditadores horrorendos. Acho importante sabermos o que se passou no passado para, no caso de Auschwitz, não deixarmos que aconteça de novo. Sou também interessada em histórias de vida porque aprendo com os erros dos outros. Aliado a isto tenho um fascinio enorme por lugares abandonados, inventar uma história na minha cabeça de quem viveu ali, porque é que abandonaram o lugar, os móveis e objectos que utilizavam-se na altura e toda a adrenalina que é estar num lugar proibido. Sou uma exploradora incurável, admito!
Apartamentos abandonados
Ginásio
Adivinhem o que eu e a Sofia partilhamos uma com a outra assim que terminou a tour por Chernobyl? "Temos de voltar para a tour de três dias" :D
Tivemos sorte com a nossa guia, muito simpática, sabia responder a todas as dúvidas e ainda nos levou a lugares que não era permitida a nossa entrada. Muito paciente com a malta das fotos hehe Podem ver no instagram dela fotos de Chernobyl.
Durante a visita olhavamos ao nosso aparelho para medir a radiação do sítio. Muitos desses sítios tinham menos radiação do que quando medimos pela primeira vez ainda em Kiev! Por isso sim, é seguro irem a Chernobyl, não ficarão contaminados nem crescerá mais uma cabeça no vosso corpo :)
Há salas na Central Nuclear onde aconteceu o desastre que nunca foram e nunca serão abertas pela quantidade absurda de radiação existente.
A nossa guia contou-nos que, ao terminar uma tour passamos por uma máquina que detecta se temos radiação, então uma rapariga tinha bastante ao que foi obrigada a retirar as calças! O namorado por compaixão emprestou as calças dele e foi de boxers para Kiev :D
O famoso parque de diversões de Chernobyl
"Da primeira vez que nos disseram que tínhamos radiação pensámos que era uma espécie de doença e quem a apanhasse morria logo. Não, disseram, é uma coisa que poisa no solo e entra nele, mas não se consegue ver. Um animal talvez veja e ouça, mas o homem não se consegue ver."
Em Vozes de Chernobyl - Svetlana Alexievich
"Preparávamo-nos para a guerra, uma guerra nuclear, construíamos abrigos nucleares. Queríamos esconder-nos do átomo da mesma forma que dos fragmentos de um projétil. Mas o átomo está em todo o lado... No pão, no sal... Respiramos radiação, comemos radiação (...) Tudo envenenado... Agora importa compreender como vamos ter de viver."Em Vozes de Chernobyl - Svetlana Alexievich
Já estava espantada com todo o cenário de Chernobyl mas foi quando chegamos a Prípiat, a cidade onde moravam cerca de 50.000 habitantes e trabalhadores da Central Nuclear onde se deram as explosões, que apercebi-me do real impacto desta catastrofe. Entramos dentro de um edificio com vários apartamentos que continham ainda mobília e objectos pessoais, largados ao deus de ará. Consegui ouvir os gritos aterrorizados daquelas pessoas a tentarem salvar a sua família, os bens mais importantes e tentarem escapar à morte. Mas o gás já estava lançado e respirado por aquelas pessoas...
Do terraço do edificio (nestas primeiras fotos) conseguiamos avistar a Central Nuclear e a natureza a tomar conta da cidade. Foi aqui que percebi o verdadeiro poder da mãe natureza e no quanto dependemos dela para viver.
"Vivíamos na cidade de Prípiat (...) Não perdemos uma cidade, perdemos a vida inteira. (...) Anunciaram pela rádio: não se pode levar os gatos! A minha querida filha começou a chorar com medo de perder a sua querida gata (...) Levei a minha mulher e a minha filha ao hospital. Tinham umas manchas negras que alastravam por todo o corpo. Ora apareciam, ora desapareciam. (...) a minha filha chamava-se Kátia... Katiúcha... Morreu aos sete anos...
Nikolai Kalúguin
Espero que tenham gostado de viajar por Chernobyl comigo. Se tiverem alguma dúvida deixem nos comentários. Gostarias de ir a Chernobyl?
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