October 12, 2016

4 festivais de Verão 2016 que participei



Se me seguem pelo Shanti Free Bird há um tempinho, sabem que sou uma fãzona de festivais e que não perco o Boom Festival por nada. Porém este ano foi diferente: desde 2010 que faço deste festival prioridade, ou seja, no matter what tenho de estar em Portugal nessa semana de Agosto e não me apetecia fazer isso mais uma vez. Além disso, estando a viver em Lisboa, queria experimentar outros festivais e, como sabem, o bilhete para o Boom é mais de 100€ (não estou a reclamar, vale cada cêntimo) e com esse dinheiro conseguiria ir a três festivais mais pequenos.

Sou fixada em Festivais pois penso que é uma oportunidade única de arte e cultura, conheço bandas que nunca ouvira falar e ainda dou um pezinho de dança. O ambiente de Festival é fenomenal, conhecer pessoas e locais diferentes, acampar em consonância com a Natureza... Mas não frequento qualquer tipo de festival, não me venham com o Alive ou o Sudoeste, são festivais que, na minha visão, não passam de um amontoado de gente e que normalmente não têm condições para albergar tanta gente. Está na moda falar em festivais undergound e festivais mainstream e, sem sombras de dúvida, que os primeiros são a minha cara. São festivais com bilhetes acessiveis a qualquer bolso, com quantidades de gente qb e de alta qualidade.

Se me perguntassem no inicio do Verão, nem sonhava que iria a quatro festivais este ano, só sabia que queria muito ir ao Avante (que é mais uma festa que festival), de resto deixei fluir. Os Festivais que fui: Festival MUSA Cascais, Bons Sons, Avante e Reverence Valada. Provavelmente só ouviram falar do Avante, é por isso mesmo que estou aqui, para vos dar a conhecer, os melhores festivais não comerciais do nosso país!

Festival MUSA Cascais
 Acreditam que em 4 dias de festival não tirei uma única fotografia? É um problema grave que tenho, adoro fotografar festivais, mas deixo-me levar pelo flow e depois uppsss e as fotos? Ah, esqueci de tirar. As fotografias acima foram retiradas do facebook do festival.

O MUSA é um Festival recente, que para além dos concertos reggae conta ainda com mais dois palcos, de electrónica e Dub. Gostei do ambiente do festival e ainda por cima era só atravessar a estrada e estávamos na praia de Carcavelos. Conhecia nomes no cartaz como Alborosie, Dub Inc, Max Romeo e Tanya Stephens que nunca tinha visto ao vivo e por isso, estava em pulgas!
O Festival é pequeno, tem muito pouca opção vegetariana e poderiam se esmerar mais na decoração.
Nos concertos haviam sempre bandeiras da Jamaica a voar, o que dá um certo ambiente :)

A organização desiludiu-me bastante e sinceramente, nunca estive num festival tão mal estruturado. Para começar, uns dias antes do Festival o bilhete com campismo acaba, o que para mim não fazia diferença pois dormi na carrinha com a minha amiga Patrícia. Só que, quem não tivesse a pulseira do campismo, não podia entrar na festa de Quinta-Feira. What? Completamente excluídas, a ouvir a música lá do fundo :( E o hashtag que tanto proclamam? #WeAreTogether 

Para além disso, como não tínhamos pulseira do camping, teríamos de mostrar o nosso bilhete à entrada e saída do recinto. Já estão a ver, não é? Propicio para perdas. Ao menos uma amiga minha entrou sem pagar uma noite pois alguém que foi embora ofereceu-lhe o bilhete :D
Na última noite, queríamos sair do recinto por um pouco entre o concerto de Max Romeo e Dub Inc e não é que estava uma confusão desatada? Basicamente, quem não tinha pulseira não podia sair, pois tínhamos que dar saída para depois darmos a entrada. Really? Ficámos em modo cativeiro dentro do festival. Not cool guys, not cool.

(De)Organizações à parte, voltaria? Sim, sem dúvida. Festivais perto da praia é sempre uma boa ideia e conheci milhares de pessoas bacanas que espero conseguir voltar a ver um dia destes.

BONS SONS
A Vanessa já andava a falar neste festival há uns meses, só que nunca tinha ouvido falar. O conceito era inovador: um festival apenas de cantores e bandas portuguesas em que o recinto era, nada mais nada menos, que a aldeia de Cem Soldos. Yep! O Festival MED é mágico pois fica no Centro Histórico de Loulé, mas uma aldeia? Tinha de ver isto de perto.

O Bons Sons é organizado pela Associação Cultural Local SCOCS -  Sport Club Operário de Cem Soldos, em que os próprios moradores são o staff do Festival. E oh que Staff! Estão de parabéns pela simpatia, flexibilidade e disponibilidade. Para terem uma ideia, tínhamos ao nosso dispor um local onde nos carregavam baterias de telemóveis e câmaras e ainda um cacifo, serviços estes, totalmente grátis.
Fomos também muito bem recebidos à chegada. Estávamos meio desorientados e haviam membros do staff a indicar os caminhos que necessitávamos, sempre com um sorriso de orelha a orelha. Quando levantámos as pulseiras, ofereceram-nos uma caneca de alumínio, adorooo!! Também poderias pedir um tubo para as beatas do cigarro, até agora só tinha visto isto no Boom. Um festival sustentável, verdade.

Sendo um festival dentro da aldeia é normal convivermos com as pessoas da terra. Durante o dia vemos as velhotas a conversarem sobre vidas alheias e aquela imagem que jamais sairá da minha cabeça, um senhor à janela da sua casa a apreciar o concerto do Jorge Palma. Priceless!

Ficámos alojadas no acampamento do Festival, que ainda eram uns quinze minutos a pé. Havia uma boa quantidade de sombra, uma zona de chuveiros, sanitas daquelas verdes e azuis, três lavatórios para dentes e quatro lavatórios para loiça. Havia ainda uma área para cozinhar bem estruturada.
Mas a população do campismo eram jovens dos 15 aos 22 anos e fiquei chocada ao tratarem-me por você e senhora. São nestes contextos que percebemos que vamos para a idade haha Sem falar que eram barulhentos para caraças e malcriados como nunca tinha visto. Estou seriamente preocupada com esta geração.
Ainda assim, os nossos vizinhos eram gente boa e safaram-nos de algumas situações como o empréstimo de lanternas vezes sem conta.
Para o ano, se formos, está decidido que vamos alugar uma casa com piscina. Agora sim, soou mesmo a cota. É que para além do barulho no campismo, durante o dia faz um calor infernal e vai saber bem banharmo-nos na piscina.
Valeu-nos a Barragem de Castelo de Bode que fica ali mesmo pertinho, linda que só ela e com uma água tão limpa e temperatura perfeita. Recomendo até que venham uma semana para a zona, pois Tomar é igualmente maravilhoso.

Sobre a comida, havia um restaurante inteiramente vegetariano que me safou a vida por lá. Era tão bom! Só que esqueci o nome :P  Haviam muitas outras opções gastronómicas, alguns restaurantes ficavam dentro de pátios lindos. O café da aldeia tinha acesso ao WiFi e havia ainda uma mercearia que continha duas arcas congeladoras gigantes com cerveja de litro (de plástico) lá dentro.

Quanto à música, saí do festival com orgulho na música que se faz por cá. Não entendo como é possível darmos mais valor à musica internacional, quando temos músicos de grande qualidade em Portugal? 
Os concertos que adorei e desconhecia: Grutera, Golden Slumbers e Lula Pena. O concerto da Carminho foi assim uma coisa do outro Mundo. Então e não é que ela pede para os músicos pararem de tocar e canta sozinha sem microfone? Nós que estávamos lá bem atrás conseguimos ouvir bem a sua voz. Fiquei em pele de galinha e saltaram algumas lágrimas. Foi um momento comovente!

Se vou voltar para o ano? Sim, vou fazer todos os esforços nesse sentido :)

Festa do Avante
A primeira e última vez que fui ao Avante foi em 2009, com a promessa que voltaria. Naquele ano fiquei acampada no campo de futebol, porque uma das minhas amigas era voluntária, então tínhamos condições brutais com casas de banho normais aka duches e sanitas de loiça :) Este ano fiquei na casa da Nice em Almada, e embora sentisse que perdi imensos concertos e que mal estivesse no recinto do festival, gostei da experiência, pois dormimos numa cama e comemos maravilhosamente bem. Quando chegávamos ao Avante estávamos fresquinhos e prontos para dançar as Carvalhesas da Vida. 

"Não há festa como esta" e é tão verdade! Não há. O recinto fica localizado num sítio maravilhoso com vista para o rio e conta com uma mão cheia da palcos. Contamos com barracas de comes e bebes tipícos, de todos os distritos e ilhas do país, o que se torna muito cómico na hora de falar ao telefone  com os teus amigos: "Tou João, estamos em Setúbal a comer choco frito. Então e vocês? Nós estamos no Algarve mas agora vamos para a Madeira beber um poncho, querem vir?" Há uma zona destinada ao Mundo, por isso barracas como Perú e Itália, vão ser encontradas, assim como um palco com música internacional, que adoro estar, durante as tardes quentes. 

Politiquices à parte, o espírito de camaradagem deste festival é surreal, toda a gente parece estar feliz e bem na vida. Conhecemos um sem número de pessoas durante estes três dias! Quantas vezes estás com o teu amigo sentado a beber uma cerveja, para depois de cinco minutos já se juntaram mais 20 pessoas? Percebo perfeitamente quando a Patrícia diz-me que desde os 12 anos que vai ao Avante, ou outros casos em que já na barriga da mãe foram ao Avante e depois de 20 anos, não perderam uma edição. Mas isto é também uma cena lá das gentes da Margem Sul, que sempre tive reticente e agora, finalmente, estou aberta a conhecer melhor.

Resta-me agradecer à população da Amora/Seixal por nos receber tão bem, afinal de contas durante aqueles dias invadimos a sua terra com os nossos carros e barulho infernal. 
Já agora, quem é que faz os panfletos deste festival?? E o site?? Por favor façam um programa em que tenham organizado por dias e horas, de preferência SEGUIDAS para nos orientarmos melhor. Eu percebo que esta Festa não são só os concertos mas curtia de ter visto Miss Lava, que pelo terceiro festival consecutivo este ano, perdi :P

Desde os tempos que não conhecia a Catarina Sousa ao vivo, que a vejo publicar sobre o Reverence Valada no blog, contando maravilhas do seu festival favorito. Este ano ela desafiou-me para ir, e eu, como boa festivaleira, aceitei. 
Tal como o Bons Sons, o recinto do Reverence Valada fica situado numa aldeia para os lados do Cartaxo, que se chama, imaginem, Valada :) Mais concretamente, no Parque de Merendas da aldeia. Para além do arvoredo brutal, conta com uma praia fluvial bonita, que jurei voltar um dia, sem festival. 
Nós alugámos uma casa com piscina nas redondezas mas passei pelo camping e vi bastantes pinheiros, por isso sombra não falta mas barulho dos concertos também não... 

Adorei duas coisas neste festival: 1) para beber tinhas de comprar um copo, que poderias ficar com ele no final ou devolvias e o dinheiro gasto era entregue. Esta iniciativa deveria ser proposta em todos os festivais, pois o nível de poluição baixa consideravelmente. 2) a oferta descomunal de comida vegetariana! Praticamente todas as roulottes tinham opção vegetariana e já agora, recomendo vivamente a Maria Marmita, os amigos não vegetarianos também adoraram os hambúrgueres de carne de lá.

O estilo de música deste festival é essencialmente rock, e eu que nem sou uma grande fã, tirando nomes como Janis Joplin ou Jimi Hendrix, aquele rock mais melodioso dos finais dos anos 60, que acompanharam a minha adolescência até aos dias de hoje.

Felizmente estava inserida num grupo de amigos que conheciam praticamente todas as bandas que iriam tocar, então estava com os "guias" perfeitos. Percebi de imediato que é um Festival bem diferente do que estou acostumada! As pessoas estão ali pelos concertos, ouvem-nos com atenção e curtem de uma forma mais individualizada. Senti o festival ao rubro quando, no concerto brutal de Mars Red Sky, todas as pessoas à minha volta, faziam movimentos com a cabeça de trás para a frente, repetidamente. Foi aqui que fez-se um clique e pensei: "Estou num concerto rock, caraças" E quando dei por mim, estava a fazer o mesmo movimento inconscientemente, enquanto o meu coração batia de emoção e estava com um sorriso idiota estampado na cara. Chama-se a isto felicidade, meus amigos.

Voltarei com certeza! Os concertos foram de extrema qualidade, gostei muito de Fat White Family e The Raveonettes. Quem esteve por trás das luzes e video nos palcos merece uma salva de palmas, foram espectáculos brutos também graças a isso. 

A Catarina do Joan of July vai falar em pormenor deste festival, por isso fiquem atentos! O primeiro post já saiu >> Photo Diary: Reverence Valada 2016

Que festivais de Verão foram este ano e quais voltariam? 

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  1. O Rock in Rio foi a minha grande estreia a nível de festivais.
    Depois, relativamente a festas da cidade, fui assídua na Feira de S. Mateus pois o cartaz de artistas estava mesmo muito bom!

    Cátia ∫ Meraki

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    1. Ora aí está um festival que ainda não fui, penso que seja um bocado dispendioso mas aposto se forem duas bandas que adoro vale a pena ^_^ Festinhas das cidades são tão giras, também vou a muitas durante o Verão, há que aproveitar :)

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  2. Oh, também foste ao Bons Sons. Adoro esse festival, este ano só consegui ir um dia, mas é um dos meus festivais preferidos! =D

    Já foste ao Andanças? Também adoro, agora é no Alentejo, tem uma barragem mesmo mesmo ao lado e é de música e danças tradicionais. ;)

    Meio Cheio

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  3. Ainda não fui ao Bons Sons, mas fui ao O Sol da Caparica (também de música portuguesa) e gostei imenso. Acho que também ias gostar, é bem na Costa, pertinha da praia, e tem um ambiente interessante. Ah, é organizado pela câmara de Almada e os preços são simpáticos.

    Só falho o Avante quando não estou por Portugal (aconteceu este ano), mas já tenho mais de 10 anos de edições e sem dúvida que voltarei.

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Grata por comentares, adoro saber o que passa pela tua mente.

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